Os partidos do chamado Centrão organizaram uma estratégia de esvaziar o jantar organizado pelo Palácio no Planalto na noite de quarta-feira, para discutir a reforma da Previdência, sem parecer que estavam adotando tal postura. A tática foi que os líderes comparecessem, mas aqueles que são refratários ao governo, não. Participantes do encontro avaliaram como "muito estranho" o comportamento dos partidos do Centrão, mas admitiram que eles foram inteligentes ao manter os líderes presentes, pois são eles que representam as bancadas.
O clima também foi prejudicado por dois fatores: a guerra deflagrada em torno do cargo de Antonio Imbassahy na Secretaria de Governo e a decisão do presidente do Congresso, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), de manter uma sessão que interessava aos prefeitos: a análise de um veto que impedia o chamado “encontro de contas” entre a União e os municípios em relação a débitos previdenciários. Parlamentares, de olho nas bases, preferiram ficar em plenário e faturar com os prefeitos a derrubada do veto.
Até mesmo os líderes do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) e no Congresso, André Moura (PSC-SE), ficaram em plenário. O jantar começou tarde, por volta das 22h e isso desanimou quem chegou cedo.
Mas aliados minimizaram o baixo quorum do jantar. Eles lembram que ter 176 parlamentares num encontro não é pouco e que geralmente os presidentes chamam apenas os líderes para jantar, não passando de 30 a 40 pessoas, de acordo com O Globo.
— Não esperávamos mais do que isso (176 parlamentares). Se nós tivéssemos 300, eu estaria tranquilo — diz Darcísio Perondi (PMDB-RS), vice-líder do governo na Câmara
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também negou um esvaziamento:
— Não acho (que foi esvaziado): teve posse de ministro, um atrito na comunicação se tirava ou não ministro da articulação política, a sessão do Congresso. Ou seja, todas essas pautas de alguma forma retiraram parlamentares (do jantar). Mas as apresentações poderão ser utilizadas por quem não participou — avaliou.