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Perícia encontrou latas de cerveja em caminhão roubado por bombeiro

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

/ por News Paraíba

Sargento que conduzia o veículo não fez teste do bafômetro.
 
A perícia da Polícia Civil encontrou duas latas de cerveja no caminhão roubado por um bombeiro e interceptado na Esplanada nos Ministérios na madrugada de domingo. O 2º sargento do Corpo de Bombeiros Fabrício Marcos de Araújo segue preso preventivamente em um presídio militar no Complexo da Papuda, após ter passado por audiência de custódia ainda no domingo. Ele não fez o teste do bafômetro nem outros exames que pudessem comprovar o alcoolismo.

Araújo estava de plantão a partir das 8h, mas chegou antes à corporação, pegou o caminhão e seguiu rumo à Esplanada. Em áudios e vídeos que circulam na internet ele afirma que seu objetivo era chegar ao Congresso Nacional. O depoimento de uma testemunha, publicado pelo G1, acusa Araújo de ter "forte odor etílico" logo após ser abordado. A mesma testemunha afirma que em áudio enviado pelo segundo sargento no Whatsapp ele relatava a intenção de "explodir" a viatura no prédio do Congresso.

"Chegando no local não encontrou os documentos, mas o Dia à Prontidão lhe repassou áudios pelo Whatsapp em que o militar havia enviado no grupo dos condutores do 8° GBM nos quais ele relata sua intenção de explodir a viatura no prédio do Congresso Nacional", registra trecho do depoimento.

O segundo sargento saiu de Ceilândia e dirigiu por 27 quilômetros até que o veículo fosse finalmente interceptado. Mais de uma dezena de viaturas participaram da perseguição e diante da recusa de Araújo em parar o veículo foram desferidos tiros para furar os pneus. Na audiência de custódia, o juiz Alessandro Marchió Bezerra Gerais argumentou o risco que o segundo sargento causou à ordem público como justificativa para manter a prisão.

"Embora o autuado seja primário e de bons antecedentes, verifica-se que o fato a ele imputado reveste-se de excepcional gravidade. Isso porque, além de ter a intenção de atingir o prédio do Congresso Nacional com um caminhão tipo ABT, carregado, que provocaria danos de grandes proporções, no local e colocando em risco a vida de terceiros, a sua conduta colocou em perigo número indeterminado de pessoas ao trafegar em alta velocidade pelas vias do Distrito Federal, parando o veículo somente depois de longa perseguição policial, tendo os pneus perfurados, o que o impossibilitou de prosseguir com a sua empreitada. Verifica-se, assim, que ele estava obstinado a atingir o seu intento, não sendo possível precisar quantas vidas inocentes ele poderia ceifar para fazê-lo", registrou o magistrado na sua decisão.

DEFESA NEGA ATAQUE AO CONGRESSO

Segundo O Globo, a defesa do sargento informou que vai recorrer da decisão da prisão, pois considera que não há elementos que justifiquem a manutenção da custódia. Em nota, o advogado Rodrigo Veiga de Oliveira afirma que Fabrício "é apenas mais um membro integrante da segurança pública que, como tantos outros, internalizou o peso do exercício da profissão sem o devido suporte psicológico".

O advogado alertou também para as "diversas e fantasiosas" versões sobre o caso que têm sido divulgadas nas redes sociais. E conta que seu cliente disse não se recordar dos fatos, mas que jamais teria o intuito de causar danos ao Congresso, ao bem público ou mesmo às pessoas envolvidas.

"Os fatos serão devidamente apurados na instrução do processo e o Sgt. Fabrício responderá por seus atos nas esferas competentes. No momento, questão importante a ser atendida é a necessidade de amparo, suporte e tratamento psicológico e psiquiátrico ao militar".

Segundo a defesa, não se conhece o gatilho que despertou o ocorrido, mas é sabido ser resultante de um excepcional estresse mental. "O que aconteceu com ele decorre de um profundo sofrimento mental apto a retirar a própria sanidade do indivíduo".De acordo com o advogado, o sargento recentemente perdeu um “irmão de farda” em razão de suicídio. E sofreu ao não conseguir salvar a vida da mãe de um colega de trabalho no plantão anterior.

"Algum desses episódios desencadeou o ocorrido? Não se pode assim afirmar, mas certamente, dentre a soma de todos os fatores estressantes, será possível encontrar o gatilho que retirou a consciência do militar", diz o advogado.
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