Atriz diz que, por adorar o apresentador, prefere que ele fique fora da política
Falta mais de uma hora para o início do desfile, mas Miguel Falabella já chegou e percorreu toda a concentração da Unidos da Tijuca, cumprimentando os integrantes da escola, que o homenageia neste ano, e as amigas que também passarão pela avenida, como Arlete Salles, Aracy Balabanian e Cissa Guimarães.
Ele para e fala sobre o Carnaval da Sapucaí, que teve metade da verba cortada pela prefeitura do Rio. "Alegria sempre vai haver. Folião é folião com ou sem dinheiro. Eu sou da época do bloco do Boi da Freguesia, em que a gente fazia fantasia de papel crepom e era felicíssimo."
O ator se emociona ao relembrar a milhagem que tem na avenida Brasil e diz que a situação do Rio hoje é muito difícil. "Aliás, o Brasil como um todo. Não podemos mais viver em um país que é dominado por uma organização criminosa", diz.
Que organização criminosa? "O Brasil você acha que é o quê? Acorda, amor!", diz Falabella, estalando os dedos no ar. "Vivemos na mão de bandidos. Saqueados, sem cidadania, sem nada, sem respeito. Mas não é hora de falar disso, é hora de falar de alegria!", diz. "Não vem com assunto de política! É Carnaval, é festa!"
Chega Magda. Ou melhor, Marisa Orth, que interpretou a personagem em Sai de Baixo ao lado de Miguel, que fazia o papel de Caco Antibes, marido dela. Um fã pede um selinho entre os dois. "Selinho é coisa de pobre!", diz Miguel, reproduzindo o bordão de seu personagem.
Marisa prefere não comentar o momento do país. "Ah, você vai me perguntar do Brasil? Eu não tenho envergadura pra responder," admite ela.
Já Claudia Raia, que também desfilou na Unidos da Tijuca e depois recebeu a coluna no Nosso Camarote, de Ronaldo, diz que está completamente perdida em relação às eleições de 2018.
Folha de São Paulo - O corte de verbas prejudicou o Carnaval do Rio de Janeiro?
Claudia Raia - Sim. Como produtora artística, eu sei quanto custa. Tirar a metade da verba do maior show da terra faz diferença. A Beija-Flor [escola em que ela também desfilou] vem daqui a pouco dando esse alerta, é um canto de lamento. Porque a gente ama esse país. Esse país é forte, rico e poderoso e está afundando.
Sabe em quem votará?
Não tenho a menor ideia. Tô completamente perdida.
E se o apresentador Luciano Huck for mesmo candidato a presidente?
O Huck eu acho que Tomara que ele não se eleja. Tomara que ele não queira [se candidatar]. É meu amigo, adoro. Justamente por isso eu não gostaria que ele entrasse para a política. Ele tem uma família maravilhosa, filhos. Não é fácil a vida política. Não é. Ele é um cara que faz tanto do lado de fora [da política] que pode continuar fazendo isso e deixar que os políticos se digladiem, sabe?
Arlete Salles diz que Huck é "interessante!". E Aracy Balabanian reflete: "Não conheço ele politicamente. Acho ele adorável, um excelente apresentador, e me parece ser um bom pai e marido. Mas não tenho mais referências para saber como seria se fosse eleito presidente". A atriz diz que já se posicionou em outras eleições, mas não faz mais isso. "Estou desiludida."