O depuatdo estadual Nabor Wanderley e seu filho, o deputado federal Hugo Motta, da cidade de Patos, vivem um dilema a uma semana das convenções partidárias, que devem definir os rumos dos partidos e suas coligações visando o pleito eleitoral de outubro.
Eleitos pelo MDB, Nabor e Hugo deixaram o partido rumo do PRB como parte do levante que tentou esvaziar a sigla quando da confirmação do senador José Maranhão de que manteria sua candidatura ao Governo da Paraíba nestas eleições.
Ninguém acreditava que a esta altura, o "velhinho" pudesse estar tão bem cotado nas bolsas de apostas.
Pai e filho migraram para o Partido Republicano Brasileiro na última janela partidária, que se encerrou em abril, e levaram consigo a agremiação, até então comandada pelo deputado Jutay Menezes, para a base do governador Ricardo Coutinho, grande apoiador de ambos, principal suporte para a manutenção de suas bases, e por conseguinte seus cabos eleitorais, na estrutura do governo, proporcionando imensa zona de conforto para os dois políticos, desgastados em seu reduto eleitoral, após as operações Bom Bosco e Desumanidade, o que acabou por afastar Chica Motta, ex-prefeita de Patos e avó de Hugo, do cargo, e prendeu Illana, filha e à época chefe de gabinete de Chica, mãe do deputado.
Sem a mesma estrutura partidária do MDB, que elegeu sozinho 4 deputados estaduais e 3 federais em 2014, Hugo e Nabor estão agora com dificuldades para fechar uma aliança que garanta a ambos sua sobrevivência política, visto que, perdendo o foro privilegiado, estariam com sérios problemas com a Justiça.
Hugo e Nabor estão denunciados pelo MPF.
O empresário José Aloysio da Costa Machado Neto, um dos donos da Soconstrói, empresa investigada na operação Desumanidade, afirmou, em delação ao Ministério Público Federal, que teria pago propina a Nabor sobre obras de construção de unidades básicas de saúde em Patos para abastecer ilegalmente a campanha de Hugo em 2014.
“Hugo Motta já era deputado federal nesta época. Nabor ganha as eleições e todas as obras vão ser executadas por Segundo Madruga, as empresas eram emprestadas, 10% do valor das obras iriam para o grupo político comandado por Nabor – o grupo envolve Nabor, hugo Motta, Chica Motta, Ilanna Motta e outros menores”, explicou o empresário em sua proposta de delação, segundo informações veiculadas em reportagem do Estadão.
Além da delação de Aloysio, Nabor ainda foi denunciado por conduta criminosa de falsidade ideológica por presentar atestado médico falso para não comparecer a uma audiência, além de envolver servidores públicos, que também teriam praticado falsidade para encobrir a conduta do ex-prefeito.
No início do mês, o mesmo MPF pediu que a Rádio Itatiunga, de propriedade da família de Nabor, fosse retirada do ar e tivesse sua outorga cancelada.
Hugo ainda está envolvido com a captação dos recursos da Friboi para o São João de Patos 2016, que teriam sido desviados na ordem de R$ 2,8 milhões pela mãe e então chefe de gabinete da prefeitura, como consta em famoso áudio interceptado pelas investigações entre Illana e a então secretária de Finanças do município, Meryclis Medeiros.
Diante de um quadro de nuvens carregadas de raios e trovões sobre suas cabeças, Hugo e Nabor estariam correndo contra o tempo para viabilizar coligações que lhe permitam permanecer em seus cargos para que, com as prerrogativas que lhe são conferidas, possam postergar o quanto puderem os processos aos quais respondem e sobreviverem politicamente a todo custo no seu reduto eleitoral.
Para isso, não estaria descartado virar as costas ao apoio que Ricardo Coutinho lhes garante há anos e voltariam para os braços de Maranhão, renegado por pai e filho meses atrás depois de ter entregue em suas mãos o comendo do MDB em toda região polarizada por Patos por anos.
Uma reunião foi realizada às pressas na última semana em Brasília, onde o assunto foi amplamente discutido por dirigentes do PRB, do MDB e do PR e o apoio de Nabor e Hugo à candidatura de Maranhão pode ser anunciado ainda esta semana.
Diante do quadro, tudo pode acontecer, haja vista às circunstâncias em que se encontra a (in)viabilização da reeleição de pai e filho, que davam como certas suas voltas às cadeiras que ocupam.
Agora, é aguardar os desdobramentos e esperar a próxima jogada que sairá no tabuleiro.
News Paraíba