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Maconha pode permanecer no leite materno por até 6 dias após uso

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

/ por News Paraíba

Algumas substâncias danosas presentes na maconha podem se manter na corrente sanguínea e chegar ao leite materno, aponta estudo publicado nesta segunda-feira na revista Pediatrics. A pesquisa foi estimulada pelas recentes evidências de que o número de mulheres americanas que fumam maconha durante e após a gestação vem aumentando; dados do governo dos Estados Unidos apontam que cerca de 1 em cada 20 mulheres relataram ter fumado maconha durante a gravidez. Entre os motivos da utilização está o tratamento do enjoo matinal.

Segundo pesquisadores, os testes de laboratório detectaram pequenas quantidades de tetra-hidrocarbinol (THC), substância psicoativa que pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro; ela é responsável pelas sensações de êxtase experimentadas pelos usuários. Outro elemento encontrado nas amostras de leite foi o canabidiol, promovido por suas possíveis propriedades benéficas à saúde. 
A equipe acredita que o THC e o canabidiol podem interferir na formação cerebral dos bebês, dependendo da dosagem e do tempo de exposição. Esta não é a primeira pesquisa a indicar os perigos potenciais do uso da droga durante a gravidez e amamentação.
O estudo

O estudo, realizado pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, recolheu amostras de leite materno de 50 mães, com filhos recém-nascidos e com até um ano de idade. Os pesquisadores ainda investigaram se as crianças haviam sido expostas diretamente à maconha, medicamentos ou outras substâncias nos 14 dias que antecederam a coleta das 54 amostras (recolhidas e analisadas entre 2014 e 2017).

Os resultados mostraram que o THC foi encontrado em 63% das amostras em uma concentração média de 9,47 nanogramas por mililitro. Já o canabidiol foi detectado em 9% delas.

 Segundo o site Veja, ao calcular possível ingestão das substâncias pelas crianças – considerando fatores como aleitamento materno e quantidade de leite ingerida -, eles estimaram que um bebê com 3 meses de idade, pesando 6,1 kg ingeriria cerca de 0,040 nanogramas de THC por mililitro de leite. Essas concentrações foram encontradas até seis dias após a entrega das amostras. Apesar das descobertas, a equipe se mantém cautelosa, pois ainda não foi possível determinar se a quantidade encontrada representa algum risco real aos bebês.

Estudos de pequena escala da década de 1980 sobre a utilização da droga em período de amamentação apresentaram resultados conflitantes: um não encontrou evidências de atrasos no crescimento; o outro indicou um pequeno atraso no desenvolvimento, mas isso poderia ser efeito do uso da maconha durante a gravidez.
Consumo e amamentação

De acordo com Christina Chambers, co-autora do estudo, a maioria dos pediatras encoraja a amamentação, destacando os benefícios para a saúde dos bebês, mas existe um dilema quando o uso da maconha está envolvido. “Nós ainda apoiamos as mulheres a amamentar, mesmo que usem maconha, mas as encorajamos a interromper o uso”, disse Seth Ammerman, professor de pediatria da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, à CBS News.

Ammerman esteve envolvido na produção do novo relatório da Academia Americana de Pediatria, que se posicionou contra a utilização da droga durante a gestação e aleitamento e solicitou que as mães que usam reconheçam os desafios médicos da questão. “Ao aconselhar os pacientes sobre isso, é importante não julgar, mas educar os pacientes sobre os potenciais riscos e benefícios para garantir um resultado saudável para mãe e bebê”, explicou.
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