Para eliminar a sua representação e enfraquecer o poder de diálogo da classe estudantil de Santa Rita, no que tange as discussões em torno do Transporte Universitário público, além de sua reconhecida por sua força na cidade, a gestão do prefeito Emerson Panta lançou novidades travestidas de organização e benfeitoria voltadas para a classe, dentre elas, a indicação de nomes para "organizar" o transporte na cidade.
Foram criadas redes sociais administradas e moderadas por servidores comissionado do prefeito como forma de tolher a representação da comissão de estudantes, responsável pelas mais recentes conquistas da classe, enfraquecendo o poder de interlocução da categoria, deixando à mercê da gestão as decisões que vierem ser tomadas por Panta em relação ao serviço ofertado pelo poder público aos universitários santarritenses.
Os estudantes enfrentam retaliações da gestão Panta sob diversas formas, desde o início da atual administração, quando só disponibilizou os ônibus em junho de 2017, ou seja, após seis meses de governo, e que culminou este ano com o Decreto nº 003/2019, que excluiu pelo menos metade dos usuários, pelo caráter excludente da medida.
A insatisfação de Panta com a comissão representativa dos estudantes se dá desde que o grupo discutiu e brigou pela manutenção do transporte escolar com direitos iguais para todos os seus usuários, que sofreram exclusão em virtude dos efeitos do decreto.
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Depois de suspender o transporte, deixando todos sem acesso ao serviço, Panta passou por uma pressão muito forte nas redes por parte de toda categoria, reconhecida pelo seu poder de organização e aglutinação em defesa da causa, e acabou cedendo às pressas devido o massacre que sofreu perante a opinião pública.
Vendo o poder de articulação e de questionamento por, afinal, estar lidando com jovens esclarecidos e sabedores dos seus direitos, a gestão viu na quebra da representação uma forma de desarticular o movimento estudantil na cidade, deixando mais este segmento sob o julgo de suas ordens, como já faz com os servidores municipais, por exemplo, fato que fez com que o movimento despertasse para a manobra registrada nesta tarde.
Na visão dos representantes dos estudantes, além de enfraquecer e desarticular toda classe, a criação de grupos e redes e a eliminação da representatividade também se configura como uma ação eleitoreira, visto que um dos pontos do acordo entre gestão e estudantes ainda em janeiro deste ano, foi a reedição do Decreto 003 com a abertura do cadastro para os estudantes excluídos do processo, fato que não ocorreu até o momento, mas que serve à equipe de Panta como “atrativo” para aderirem aos novos canais, propostos pelo governo do município.
“Desde o início do ano, estamos lutando para abrir o cadastro, sempre há os estudantes que iniciam suas aulas no decorrer do período letivo, e eles nunca abriram. Agora, às vésperas da eleição, indicaram alguém lá dentro para direcionar o trabalho e enfraquecer um movimento que pertence a ninguém mais, além do estudante universitário de Santa Rita”, declarou Brendon André, presidente da comissão que representa a classe estudantil canavieira.
Enxergando o estrago político e administrativo que a sua gestão, auto-implosiva, faz com a sua imagem e o tempo escasso que lhe resta, restou a Panta fazer a leitura de que só eliminando eventuais situações adversas ou adversários mais fortes, em vez de discutir saídas como em uma verdadeira democracia, poderá se salvar do abismo em que ele mesmo se colocou, sem interessar o dano social que isso venha causar em uma cidade com os sérios problemas que Santa Rita possui e que nunca tiveram do prefeito, eleito como redentor, a mínima atenção ou cuidado.
Os estudantes universitários que o digam.
Veja trechos de conversas no grupo recém-criado pela gestão:
Germano Costa
para News Paraíba