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Filho de Ariano Suassuna cria ambientes para preservar cultura brasileira

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

/ por News Paraíba

Manuel Suassuna está empenhado em tirar do papel algumas ideias do pai

Mais do que “apenas mais um literato”, com direito a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, Ariano Suassuna era um criador que usava qualquer meio para transmitir suas reflexões e alegorias sobre a cultura do país. Administrador da herança cultural do pai, o artista plástico Manuel Suassuna está empenhado em tirar do papel algumas ideias de Ariano. Ele e uma equipe de operários e artesãos estão finalizando uma das chamadas “ilumiaras”, palavra criada pelo próprio escritor para designar sua própria obra e, por extensão, espaços e ambientes que sirvam para sua divulgação, abertos a espetáculos e manifestações culturais.

Nos últimos meses, por exemplo, Manuel tem trabalhado em Taperoá, na Paraíba, com apenas 13 mil habitantes, a 200 quilômetros de João Pessoas. Ariano viveu lá entre 1933 e 1937, ainda criança, logo depois do assassinato do seu pai, João, ex-governador do estado, durante a Revolução de 1930.

Embora tão pequena e distante da capital, Taperoá também tem sua importância por ser a cidade onde acontece a história contada no “Auto da Compadecida”. Foi lá que viveu o verdadeiro Chicó, personagem que fazia dupla com João Grilo na peça. Em Taperoá foi gravada a minissérie “A Pedra do reino”, exibida em 2007 e baseada em um romance homônimo de Ariano.

É por isso que está sendo criada em Taperoá a chamada Ilumiara Jaúna, onde Manuel está gravando numa grande pedra de granito dezenas de imagens concebidas pelo pai e que serviram para ilustrar os dois volumes de “O Romance de Dom Pantero no palco dos pecadores”.

— As ilumiaras são espaços que têm vida própria — diz Manuel. — Algumas delas, como a de Zumbi, em Olinda, já está aberta desde os anos 1990, assim como a Ilumiara Pedra do Reino, em São José do Belmonte, onde há uma programação com espetáculos de cavalgadas e outras festas tradicionais.

Também está em execução pela turma de Manuel a instalação da ilumiara de Atauã, numa fazenda do século XVIII onde Ariano viveu durante parte de sua infância, que será dedicada à divulgação das manifestações culturais que cercam a cultura pecuária.

Mas a ilumiara que certamente fará mais sucesso será instalada na própria casa do escritor, no Recife, onde hoje vive a viúva do escritor, Zélia, cercada pelos cinco filhos, que moram no mesmo condomínio. Será uma ilumiara especial, com todo o material de trabalho de Ariano, incluindo um número ainda incalculável de textos e artes distribuídos em dezenas de gavetas e estantes.

Manuel diz que, a depender de sua vontade, deverá publicar em breve “O sedutor do sertão”, romance escrito na década de 1950.

— Além desse e de outros textos literários, meu pai tinha muitas anotações e rascunhos que podem ser publicados. — diz Manuel.

MUITO A DESCOBRIR

Mais do que fuçar os baús do escritor atrás de inéditos de Ariano, que também foi professor da Universidade Federal de Pernambuco durante quatro décadas, Manuel está empenhado em evitar que a obra já conhecida do seu pai caia no esquecimento.

Segundo Carlos Newton Júnior, professor da Universidade Federal de Pernambuco, especialista em Ariano, ainda há boas novidades para vir a público.

— Ariano criou peças de teatro e romances inéditos de grande qualidade. São peças como “Auto de João da Cruz”, romances como “O sedutor do sertão” e “As infâncias de Quaderna”. Há ainda o Ariano poeta, pouco conhecido. Além do ensaísta, do crítico etc. — diz Newton Júnior.

De acordo com O Globo, o professor recomenda que leitores que queiram conhecer melhor a obra do pernambucano leiam as suas peças:

— Comédias como “Auto da Compadecida”, “A pena e a lei” e “Farsa da boa preguiça” são acessíveis e possibilitam um mergulho no universo do romanceiro popular nordestino, fonte maior da obra suassuniana.
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