Investigação instaurada pelo MPF, na Paraíba, revela ser impossível monitorar uso de munições por criminosos
Em postagem recente, no blog, questionei o que ligava a morte da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, ao assalto à Agência dos Correios de Serra Branca, na Paraíba. A resposta era o uso das munições do Lote UZZ-18, de propriedade da Polícia Federal. O procedimento aberto pelo Ministério Público Federal, mesmo no início, já mostrou outra situação preocupante: de acordo com o procurador da República Antônio Edílio Magalhães, não existe controle minimamente eficiente na venda destas munições. As declarações foram dadas durante entrevista à jornalista Patrícia Rocha, nesta segunda-feira (23), no CBN João Pessoa.
Segundo o Blog do Suetoni, o curso da investigação, ele reforça, já mostrou o quanto o controle sobre a venda e o controle das munições é frouxo. O lote das munições que serviram para matar Marielle Franco, promover uma chacina em São Paulo e um assalto aos Correios de Serra Branca tinha 2,4 milhões de munições. Elas foram vendidas à Polícia Federal e parte delas roubadas. “A resposta que a polícia nos deu (no curso da investigação) é que é impossível saber a origem das munições por causa da quantidade delas com a mesma marcação no mesmo lote”, ressaltou Magalhães.
O fato de as munições de uso restrito terem sido usadas nos crimes citados não é um caso atípico. O procurador da República lembrou que uma pesquisa feita pelo Instituto Sou da Paz mostrou que 68% das balas usadas em crimes, no Rio de Janeiro, são de uso restrito das forças de segurança. A amostra teve como base as munições encontradas em locais de crime entre 2014 e 2016. Outro dado grave coletado é que apenas 7% dos crimes de homicídio no país são resolvidos. Antônio Edílio acredita que se houvesse registro mais eficiente, o Índice de Descoberta de Autoria do Crime de Homicídio no Brasil teria números melhores.
“Há uma preocupação grande em se identificar as armas. Então cada arma tem sua identidade, mas não há essa preocupação com a munição. Por isso, o poder público tem que se preocupar com a munição. O que fica no local do crime não é a arma, é a munição”, enfatizou Antônio Edílio Magalhães. “No Brasil só há uma empresa (que produz munições), a Companhia Brasileira de Cartuchos. Quando se trata de monopólio, é natural que haja resistência a mudança”, diz, fazendo referência à resistência da empresa em tornar o registro mais eficiente e com lotes mais restritos.
Atualmente, grandes lotes de munições, no Brasil, têm a numeração registrada apenas na caixa que armazenas as balas. O controle seria mais rígido se o registro fosse individual e ocorresse no cartucho. A empresa diz que isso é impossível.
Lote UZZ-18
A Companhia Brasileira de Cartuchos já informou ao MPF que o Lote UZZ-18 é composto de 2.463.000 munições e 24.000 cartuchos. Nesse lote, com a mesma marcação de identificação no culote dos estojos, foram produzidas 1.859.000 munições calibre 9mm (1.359.00 munições CBC 9mmLuger Etog 1246R A e 500.000 munições CBC 9mmLuger+P+Expo 115GR Gold A) e repassadas ao Departamento de Polícia Federal, em 2006. Conforme noticiado pela imprensa, parte dessa munição, utilizada no assalto aos Correios em Serra Branca e no assassinato da vereadora Marielle Franco, também teria sido empregada na Chacina de Osasco (SP) e por organizações criminosas no Rio de Janeiro em diversos crimes.
O fato de as munições de uso restrito terem sido usadas nos crimes citados não é um caso atípico. O procurador da República lembrou que uma pesquisa feita pelo Instituto Sou da Paz mostrou que 68% das balas usadas em crimes, no Rio de Janeiro, são de uso restrito das forças de segurança. A amostra teve como base as munições encontradas em locais de crime entre 2014 e 2016. Outro dado grave coletado é que apenas 7% dos crimes de homicídio no país são resolvidos. Antônio Edílio acredita que se houvesse registro mais eficiente, o Índice de Descoberta de Autoria do Crime de Homicídio no Brasil teria números melhores.
“Há uma preocupação grande em se identificar as armas. Então cada arma tem sua identidade, mas não há essa preocupação com a munição. Por isso, o poder público tem que se preocupar com a munição. O que fica no local do crime não é a arma, é a munição”, enfatizou Antônio Edílio Magalhães. “No Brasil só há uma empresa (que produz munições), a Companhia Brasileira de Cartuchos. Quando se trata de monopólio, é natural que haja resistência a mudança”, diz, fazendo referência à resistência da empresa em tornar o registro mais eficiente e com lotes mais restritos.
Atualmente, grandes lotes de munições, no Brasil, têm a numeração registrada apenas na caixa que armazenas as balas. O controle seria mais rígido se o registro fosse individual e ocorresse no cartucho. A empresa diz que isso é impossível.
Lote UZZ-18
A Companhia Brasileira de Cartuchos já informou ao MPF que o Lote UZZ-18 é composto de 2.463.000 munições e 24.000 cartuchos. Nesse lote, com a mesma marcação de identificação no culote dos estojos, foram produzidas 1.859.000 munições calibre 9mm (1.359.00 munições CBC 9mmLuger Etog 1246R A e 500.000 munições CBC 9mmLuger+P+Expo 115GR Gold A) e repassadas ao Departamento de Polícia Federal, em 2006. Conforme noticiado pela imprensa, parte dessa munição, utilizada no assalto aos Correios em Serra Branca e no assassinato da vereadora Marielle Franco, também teria sido empregada na Chacina de Osasco (SP) e por organizações criminosas no Rio de Janeiro em diversos crimes.