Por telefone, o Diretor de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina da Paraíba concedeu entrevista ao portal Paraíba Já neste domingo (14), e deu declarações importantes para explicar todo imbróglio gerado a partir da visita técnica que realizou ao Hospital e Maternidade Flávio Ribeiro Coutinho, em Santa Rita, na última sexta-feira (12).
Na ocasião, João Alberto constatou a deficiência no quadro de médicos anestesistas, o que prejudica frontalmente o atendimento 24 horas do hospital, fato que levou o diretor do CRM a decidir fazer a interdição ética do local, caso não haja saída para o problema até o próximo dia 25.
João Alberto Pessoa também desmentiu a Prefeitura de Santa Rita, afirmando que falta recursos no hospital, motivo pelo qual a fundação responsável pela unidade não consegue arcar com as despesas, dentre elas, as despesas referentes aos salários dos anestesistas.
A Procurador Geral do município, Luciana Meira Lins Miranda notificou o Paraíba Já questionando a notícia da interdição, veiculada pelo site a partir da informação publicada pelo CRM-PB dando 24 horas para saísse do ar, e João Alberto ficou indignado com o fato. "Por que ele não abre contra nós?", provocou.
"Falta recursos e falta apoio da prefeitura. Tanto é que na nota que colocamos, apontamos isso", disse ele.
Ele também disse que a gestão Panta age com histeria em relação ao caso porque sabe que será obrigada a atender à determinação do CRM, caso contrário haverá a interdição e, em tom crítico, diz que a Prefeitura de Santa Rita arrisca a vida da população. Uma ação também será movida no Ministério Público Federal, órgão que firmou um TAC com a prefeitura em 2016, garantindo os recursos necessários para o funcionamento do Flávio Ribeiro.
Por fim, João Alberto afirma que "podem estribuchar", mas que rapidamente Panta já pediu um encontro com o presidente do Conselho para a semana que vem e diz que "não tem o que discutir".
"Deixem eles ficarem estrebuchando, que vão estrebuchar sempre, com ameaças e coisas desse tipo", finalizou.
Confira a seguir, a reportagem do Paraíba Já, na íntegra.
Sem recursos para pagar plantões para cumprir a escala de anestesistas 24h por dia no Hospital e Maternidade Flávio Ribeiro Coutinho, a direção da unidade estaria sem estes profissionais às 17h. Esta foi a irregularidade que motivou a fiscalização do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), na última sexta-feira (13). Após tomar conhecimento da notificação da Procuradoria Geral da Prefeitura de Santa Rita contra o Paraíba Já, o diretor de fiscalização do Conselho, João Alberto Pessoa, se mostrou indignado com ação e questionou a gestão do prefeito Emerson Panta (PSDB) quanto a falta de compromisso com o hospital e com a reação desarrazoada perante a imprensa.
“Santa Rita é a terceira maior renda per capita do Estado, maior que Cabedelo até. Então é inadmissível que a Prefeitura não possa dar apoio para que se chegue ao ponto de uma situação dessas”, afirmou.
Em entrevista ao Paraíba Já, João Alberto Pessoa declarou que encaminhará um documento ao Ministério Público e que deu o prazo até 25 de julho para que a unidade hospitalar regularize a escala de anestesistas plantonistas, pois uma maternidade, bem como um hospital que atende diversas especialidades, não pode funcionar sem a escala completa.
“Então, a Prefeitura [de Santa Rita] fica histérica porque sabe que o Conselho vai fazer e eles vão ter que tomar uma atitude, certo? Por que nós vamos não só entrar junto ao Ministério Público, como também nós vamos, através dos nossos meios, naquele hospital, no dia 25 deste mês, caso a escala [não esteja regularizada, interditar a unidade]. Como é que uma maternidade vai trabalhar só durante o dia? Você admite uma situação dessa?”, questionou.
Confira os principais pontos da entrevista, com áudio:
Denúncia original
“Vieram nos denunciar que as freiras estavam com a intenção de suspender o atendimento na maternidade a partir das 17h, ou seja, só iam trabalhar durante o dia. As irmãs nos procuraram e nós informamos que não era possível isso acontecer porque uma maternidade não podia funcionar só durante o dia e à noite sem anestesista.”
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Fiscalização dessa sexta-feira
“Ontem recebemos uma denúncia da plantonista e da presidência da Coopanest (Cooperativa dos Anestesiologistas da Paraíba) informando que à noite a plantonista ia abandonar o plantão e deixar a maternidade sem anestesista porque as freiras não querem pagar porque não têm dinheiro, não têm recursos. O hospital atende todo mundo porque a prefeitura manda tudo para lá e nessas circunstâncias, fomos lá, entramos em contato com a direção e comprovamos que realmente não iria haver plantonista à noite e falamos na ocasião que isso não era permitido. Caso contrário, teríamos que tomar uma atitude mais drástica – o que não queríamos por causa da importância daquele hospital para o município. Ou elas [as freiras] conseguiriam colocar um anestesista naquela noite ou nós nos víamos obrigados, para manter a integridade, não só judicial, mas como ética, a interdição do hospital todo. Porque o anestesista atende tudo. Nessa circunstância, a irmã fez uma declaração e encaminhamos inclusive a informação de que estaríamos entregando na terça-feira, mais tardar, ao Ministério Público informando que a partir do dia 25 deste mês caso não se concretize a escala completa de anestesistas nós iremos retirar os médicos daquela unidade.”
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Falta de recursos no hospital
“Falta recursos e falta de apoio da prefeitura. Tanto é que na nota que colocamos, apontamos isso [o descaso da gestão municipal]. É um hospital filantrópico, mas só tem aquele em Santa Rita e ainda ressalto uma coisa: Santa Rita é a 3ª maior renda per capita do Estado. Maior que Cabedelo até. Então é inadmissível que a prefeitura não possa dar apoio para que se chegue ao ponto de uma situação dessas. Demos o prazo de 10 dias para que a prefeitura, junto à direção do hospital, caia na realidade e não deixe o povo desassistido.”
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“Prefeitura de Santa Rita fica histérica”
João Alberto Pessoa: Então, a prefeitura [de Santa Rita] fica histérica porque sabe que o Conselho vai fazer e eles vão ter que tomar uma atitude, certo? Por que nós vamos não só entrar junto ao Ministério Público, como também nós vamos pelos nossos meios naquele hospital, no dia 25 deste mês, caso a escala [interditar a unidade não seja cumprida]. Como é que uma maternidade vai trabalhar só durante o dia? Você admite uma situação dessa?
Paraíba Já: Não, até por que lá é maternidade, faz cesariana e tem que funcionar 24h.
João Alberto Pessoa: É, exatamente. Como é que se pode ter anestesista durante o dia? E à noite? Ah, que isso! Arriscar com a vida dos outros é muito bom.”
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“Deixa eles estrebucharem”
“Eles vão fazer [estrebuchar]. Olhe, político [é assim mesmo], ontem mesmo eu disse na imprensa, na TV Correio, e o que saiu foi uma matéria do Conselho de Medicina, que saiu através da nossa assessoria de imprensa. Não tem o que discutir não. Por que ele não abre contra nós? Por que que o prefeito quer rapidinho falar com o presidente do Conselho na semana que vem? Não é assim não. Deixem eles ficarem estrebuchando, que vão estrebuchar sempre, com ameaças e coisas desse tipo.”
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