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Livro de Janot narra episódios com três senadores e ex-senadores paraibanos

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

/ por News Paraíba

O livro “Nada Menos que Tudo”, narrado pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, inclui passagens com três senadores e ex-senadores paraibanos. Há episódios com Vital do Rêgo Filho, hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), com o senador José Maranhão (MDB) e com o ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB). De todos, os mais emblemáticos dizem respeito ao trato com Vitalzinho, que foi do céu ao inferno em momentos distintos da relação com o ex-procurador-geral da República.

Segundo o Jornal da Paraíba, a publicação é a mesma em que o ex-PGR confessa ter pensado em matar o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Neste caso, ele chegou a se aproximar a poucos metros do magistrado, mas desistiu de puxar o gatilho. O ato contínuo, ele revela, seria tirar a própria vida ali, dentro da Suprema Corte. Já sobre os paraibanos, as relações se misturaram entre favores solicitados e ajuizamentos de ações por causa dos desdobramentos das delações da operação Lava Jato.

De Vitalzinho, Janot se aproximou no segundo semestre de 2013. A hora era de buscar entendimentos com os caciques do MDB e o paraibano comandava, na época, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. No livro, o ex-PGR conta que havia resistência ao nome dele por causa de denúncia formulada pelo antecessor, Roberto Gurgel, contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Era o episódio da jornalista Mônica Veloso produzindo seus efeitos. Calheiros era acusado de peculato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos.

“Nesse ambiente envenenado, tive uma boa conversa com o senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB), que então presidia a CCJ. Expliquei a ele que minha atuação na PGR seria estritamente institucional. Disse que eu não hesitaria se tivesse que denunciar algum político, mas garanti que as minhas ações não teriam viés partidário nem qualquer conotação de perseguição política. Depois dessa conversa, Vital começou a fazer costuras internas no Senado para atenuar resistências. Ele me sugeriu também que eu procurasse alguns senadores para desarmar espíritos contra minha indicação. Por sugestão sua, conversei com alguns grupos de senadores”, disse.

A promessa de não hesitar na denúncia de políticos foi cumprida. O próprio Vital do Rêgo foi denunciado em mais de uma oportunidade no Supremo. Ele foi citado nas delações da OAS, UTC Engenharia e Andrade Gutierrez, além do ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT) e de Sérgio Machado, o autor da última delação fundada em “grampo” de caciques do MDB. Também houve denúncia contra o ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB), relacionada a delações premiadas geradas pela operação Lava Jato.

Outro citado no livro é o senador José Maranhão, que comandava a CCJ na época da recondução de Rodrigo Janot, em 2015. Na época, após ser denunciado, o senador alagoano Fernando Collor (PTC) travou embate verbal com o então procurador-geral da República. Janot conta que em certo momento, um capitão do Exército que fazia a segurança dele se aproximou de Collor e ficou pronto para golpeá-lo caso ele tentasse alguma agressão contra o ex-PGR. O momento mais tenso ocorreu quando o senador alagoano se posicionou próximo à mesa para falar com Maranhão.
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