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Localização geográfica 'protege' a Paraíba da chegada de grandes manchas de óleo, diz especialista

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

/ por News Paraíba

A localização geográfica da Paraíba protegeu o estado, até este fim de semana, da chegada das grandes manchas de óleos que vêm atingindo mais de 700 localidades em 720 praias do Nordeste nos últimos meses. A afirmação é do professor do Departamento de Sistemática e Ecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Bráulio Santos, que explicou que a combinação de correntes marítimas, ondas, marés e ventos influencia nessa "proteção natural".

Segundo o G1, o material que já foi identificado em praias paraibanas, desde então, é considerado resquício das grandes manchas de óleo. Houve registro de óleo em Pitimbu, Barra de Gramame e na praia do Bessa, em João Pessoa.

De acordo com o especialista, a circulação das águas do Atlântico Sul é a grande explicação do fenômeno. Primeiro, o processo acontece a partir da corrente marítima conhecida como Sul Equatorial, que sai do sul da África em direção à Paraíba.

    “Quando chega mais ou menos a uns 500 quilômetros de distância, em águas internacionais, essa corrente se bifurca, mais precisamente, na frente do nosso estado”, explica Bráulio Santos.

Bráulio acrescenta que parte da corrente vai para o Norte e outra para o Sul, isentando a Paraíba. “A que vai para o norte vai passar mais na costa do Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e segue rumo ao Caribe. A parte que vai para para o Sul, conhecida também como Corrente do Brasil, ela desce e se aproxima da costa, quando chega na altura do recôncavo baiano ela se aproxima ainda mais da costa. Por isso que as grandes manchas começaram a sujar praias de Sergipe, Alagoas e norte da Bahia”.

Conforme explicou o professor, a água que circula perto do recôncavo baiano é bem mais influenciada pelos ventos alísios que sopram do Sul para o Norte. “Esse vento é o que a gente vê aqui [na Paraíba], e ele acaba empurrando o oceano para próximo à Costa”, ressaltou Bráulio. Por conta desse processo natural, o padrão de contaminação nas praias “veio subindo, atingindo a Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e não veio até a Paraíba por que ela estava no final dessa fila”, acrescentou.

Ressurgimento das manchas de óleo

O professor explicou, ainda, que o material contaminante pode voltar a ser visto nas praias que já foram atingidas. Isso pode acontecer com o movimento da maré e da ondulação, que estoura na areia. Caso tenham fragmentos "escondidos", elas podem ressurgir com a influência da combinação dos dois processos naturais.

“A combinação de uma maré cheia com ondulações grandes (porque o vento acelerou), o material arrebenta junto na onda e ele acaba sendo fragmentado. Quando a onda quebra ela joga areia em cima desse material, aí vem a maré e varre essa areia toda e deposita outra parte de areia, conforme a maré enche novamente”, explicou o pesquisador.

Ainda conforme explicou, o mesmo movimento da própria ondulação e da maré pode trazer esses fragmentos de óleo à superfície outra vez, tornando o material visível.

Recifes são 'escudo natural'

Mais um fator natural pode ser um "escudo", na Grande João Pessoa, contra a chegada das manchas de óleo. De acordo com o professor Bráulio, as praias de João Pessoa e Cabedelo contam com a formação de recifes, “aspecto natural da nossa região que também tem nos ajudado [...] se algum fragmento menor veio na nossa direção, possa ser que tenha ficado nessas estruturas”, explicou.

De acordo com o especialista, muito embora não tenha sido encontrado material nos recifes após a fiscalização feita pelos órgãos responsáveis, fragmentos podem se juntar no fundo do mar. “Uma parte desse material é volátil, outra bóia, mas tem outra parte que pode se juntar aos grãos de quartzo, areia, cascalho ou qualquer outro material que esteja sobrenadante”, explicou Bráulio.

Manchas de óleo

O material já atingiu 720 localidades, segundo o mais recente balanço do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), com dados até o dia 21 de novembro. Há registro de manchas de óleo nos 9 estados do Nordeste – Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe – e também no Espírito Santo.

Na Paraíba, os fragmentos do material contaminante foi localizado nas cidades de João Pessoa, Cabedelo, Pitimbu, Conde, Rio Tinto e Mataraca.

Veja praias atingidas com fragmentos de óleo na Paraíba

    Praia de Gramame (Conde)
    Praia de Jacumã (Conde)
    Praia Bela (Pitimbu)
    Praia de Tambaba (Conde)
    Praia Formosa (Cabedelo)
    Praia de Camboinha (Cabedelo)
    Praia do Bessa (João Pessoa)
    Praia do Poço (Cabedelo)
    Praia de Intermares (Cabedelo)
    Praia do Cabo Branco (João Pessoa)
    Praia de Tambaú (João Pessoa)
    Praia de Campina (Cabedelo)
    Oiteiro (Rio Tinto)
    Lagoa de Praia (Rio Tinto)
    Barra do Rio Mamanguape (Rio Tinto )
    Barra do rio Camaratuba (Mataraca)
    Praia do Amor (Conde)
    Praia de Tabatinga (Conde)
    Praia de Campina (Cabedelo)
    Tramataia (Rio Tinto)
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