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Ao menos 175 menores foram abusados por membros de congregação católica

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

/ por News Paraíba

Pelo menos 175 menores de idade foram vítimas de assédios sexuais cometidos por membros dos Legionários de Cristo entre 1941 e 2019, 60 deles por seu fundador Marcial Maciel, de acordo com um relatório interno da poderosa congregação ligada à Igreja Católica divulgado no sábado. Os abusos foram cometidos por 33 religiosos, sacerdotes ou diáconos, de acordo com o relatório elaborado pela “Comissão de casos de abuso infantil do passado e atenção às pessoas envolvidas” e que abrange desde a fundação da congregação, em 1941, até 16 de dezembro deste ano. “A maioria das vítimas eram crianças adolescentes com entre 11 e 16 anos”, detalha o relatório divulgado no site zeroabusos.org.

A divisão eclesiástica, considerada uma das mais conservadoras linhas dentro do Vaticano, passou a ser investigada após denúncia de Jose barba, um ex-membro da congregação. Em depoimento de 2014, ele afirmou que o Papa João Paulo II tentou encobrir o escândalo. Barba contou que enviou “uma tonelada e meia” de documentos à Igreja para que a Cúria tomasse conhecimento dos abusos e investigasse à congregação. No entanto, nada foi feito até a morte do Papa, em 2005. As primeiras denúncias surgiram ainda em 2004. A canonização de João Paulo II, segundo Barba, seria a “epítome do encobrimento”, pois refletiria “um enorme desejo de deixar a questão de lado e esquecer Maciel”.

A publicação deste relatório, que comprova a existência de estupros contra crianças e adolescentes, acontece após o papa Francisco eliminar o segredo pontifício para as denúncias de abuso sexual, um pedido das vítimas que garantirá maior transparência diante de uma realidade escandalosa que desacreditou a Igreja Católica. A congregação, fundada em 1941 pelo mexicano Maciel (1920-2008), argumenta que avançou junto a 45 das vítimas num processo de “reparação e reconciliação”, embora reconheça a necessidade de facilitar esse processo para outras.

Segundo a Veja, dos 33 padres que cometeram abusos, sem considerar Maciel, 18 ainda fazem parte da congregação, mas estão afastados de obras públicas ou que envolvam contato com menores. O relatório mostra também que, desses 33 padres acusados de abusarem de menores de idade, 14 deles foram vítimas na própria Congregação, o que evidencia a existência de “cadeias de abuso” onde “a vítima de um legionário, com o passar dos anos, se tornou agressor”.

“Nesse sentido, é emblemático que 111 dos menores abusados na Congregação tenham sido vítimas de Maciel, ou de uma de suas vítimas”, afirmou. A comissão, criada em 20 de junho pelo superior geral dos Legionários de Cristo, padre Eduardo Robles-Gil, afirmou que “não acredita que seu estudo tenha sido capaz de descobrir todos os casos”, uma vez que ocorrem no ocultismo.
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