Crise econômica e medo do desemprego têm aumentado a busca por programas de pós-graduação lato sensu no Brasil . De 2016 a 2019, o número de alunos que frequentam cursos de especialização de nível superior subiu 74%. O crescimento foi puxado pela especialização na rede privada, que registrou expansão de 80% — contra 41% na rede pública — e pelo Ensino à Distância (EaD).
Já são 1.187.457 alunos em especializações de nível superior no país — há quatro anos, eram 683.053 — divididos em mais de 73 mil cursos.
Segundo O Globo, os dados são do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), que apresentou ontem uma pesquisa inédita sobre cursos de especialização lato sensu no Brasil.
O estudo mostra ainda que os alunos têm rendimento médio mensal de R$ 4,6 mil, valor 150% maior do que a média dos que fazem graduação.
Já são 1.187.457 alunos em especializações de nível superior no país — há quatro anos, eram 683.053 — divididos em mais de 73 mil cursos.
Segundo O Globo, os dados são do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), que apresentou ontem uma pesquisa inédita sobre cursos de especialização lato sensu no Brasil.
O estudo mostra ainda que os alunos têm rendimento médio mensal de R$ 4,6 mil, valor 150% maior do que a média dos que fazem graduação.
Oferta maior
Segundo o diretor-executivo do Semesp e coordenador geral do estudo, Rodrigo Capelato, o aumento surpreendeu os pesquisadores:
— Chama a atenção porque, geralmente, em países mais desenvolvidos, a educação é acíclica. Nos momentos de crise econômica, as pessoas procuram mais por educação porque ficam preocupadas com o desemprego. No Brasil sempre foi o contrário. Na crise, aqui se perde aluno por falta de capacidade de pagar (pelos cursos) .
Para Capelato, há ainda outras motivações, como a busca da especialização para se atualizar na área profissional ou aumentar as chances de empregabilidade.
É o caso de Ana Beatriz Brito, de 24 anos, que emendou a graduação em Marketing, Publicidade e Propaganda com uma pós em Comunicação Digital na Universidade Estácio de Sá no intuito de conseguir uma vaga na área.
— Vi que só a graduação não era suficiente para trabalhar nessas áreas. Com MBA tenho mais chance de conseguir um emprego. Não tenho experiência na área, mas o meu curso tem muita atividade prática. Isso me deixa mais preparada para o mercado — acredita a estudante, que atualmente trabalha como assistente administrativa em uma empresa.
Hoje há aproximadamente duas mil instituições de ensino que oferecem especialização de nível superior nas modalidades presencial e EaD. E mais de 90% delas, 1.868 instituições, são privadas.
— A oferta é muito maior de cursos de especialização do que mestrado e doutorado. Estes são difíceis de conseguir abrir, a Capes ( Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do Ministério da Educação) é extremamente rígida, e tem de ser mesmo. Mas a oferta é menor, e as vagas são restritas, com mais concorrência. E a especialização é focada no mercado de trabalho —diz Capelato.
No mesmo período avaliado, o número de alunos em cursos de mestrado e doutorado stricto sensu não apresentou aumento tão significativo: o crescimento foi de 18% no mestrado e 9% no doutorado.
Viu isso? MEC destina R$ 45 milhões a programa voltado para incentivar pais a lerem para os filhos
Considerando a população com 24 anos ou mais, estima-se que 5,7 milhões de pessoas tenham concluído um curso de especialização de nível superior de 2016 para cá. No mestrado, são 918 mil e, no doutorado, 384 mil.
— Ainda existe um funil imenso até a educação superior — diz Capelato. — Se considerarmos que 55 milhões de pessoas têm até o ensino fundamental no país, e 5,7 milhões concluem uma especialização, podemos dizer que, a cada dez pessoas que começam o ensino fundamental, apenas uma faz uma pós lato sensu. E apenas 0,3 chega a um doutorado.
No aumento pela especialização, cresceu também a modalidade de Ensino à Distância (EaD). Até 2018, o número de alunos em EaD aumentou 125%, com um a cada três alunos estudando nessa modalidade.
— O EaD se encaixa melhor ainda na pós. O público da graduação que faz o EaD é mais velho, acima de 30 anos ou mais, que, por sua vez, também é justamente a idade de quem faz pós-graduação — diz Capelato.
Segundo o diretor-executivo do Semesp e coordenador geral do estudo, Rodrigo Capelato, o aumento surpreendeu os pesquisadores:
— Chama a atenção porque, geralmente, em países mais desenvolvidos, a educação é acíclica. Nos momentos de crise econômica, as pessoas procuram mais por educação porque ficam preocupadas com o desemprego. No Brasil sempre foi o contrário. Na crise, aqui se perde aluno por falta de capacidade de pagar (pelos cursos) .
Para Capelato, há ainda outras motivações, como a busca da especialização para se atualizar na área profissional ou aumentar as chances de empregabilidade.
É o caso de Ana Beatriz Brito, de 24 anos, que emendou a graduação em Marketing, Publicidade e Propaganda com uma pós em Comunicação Digital na Universidade Estácio de Sá no intuito de conseguir uma vaga na área.
— Vi que só a graduação não era suficiente para trabalhar nessas áreas. Com MBA tenho mais chance de conseguir um emprego. Não tenho experiência na área, mas o meu curso tem muita atividade prática. Isso me deixa mais preparada para o mercado — acredita a estudante, que atualmente trabalha como assistente administrativa em uma empresa.
Hoje há aproximadamente duas mil instituições de ensino que oferecem especialização de nível superior nas modalidades presencial e EaD. E mais de 90% delas, 1.868 instituições, são privadas.
— A oferta é muito maior de cursos de especialização do que mestrado e doutorado. Estes são difíceis de conseguir abrir, a Capes ( Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do Ministério da Educação) é extremamente rígida, e tem de ser mesmo. Mas a oferta é menor, e as vagas são restritas, com mais concorrência. E a especialização é focada no mercado de trabalho —diz Capelato.
No mesmo período avaliado, o número de alunos em cursos de mestrado e doutorado stricto sensu não apresentou aumento tão significativo: o crescimento foi de 18% no mestrado e 9% no doutorado.
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Considerando a população com 24 anos ou mais, estima-se que 5,7 milhões de pessoas tenham concluído um curso de especialização de nível superior de 2016 para cá. No mestrado, são 918 mil e, no doutorado, 384 mil.
— Ainda existe um funil imenso até a educação superior — diz Capelato. — Se considerarmos que 55 milhões de pessoas têm até o ensino fundamental no país, e 5,7 milhões concluem uma especialização, podemos dizer que, a cada dez pessoas que começam o ensino fundamental, apenas uma faz uma pós lato sensu. E apenas 0,3 chega a um doutorado.
No aumento pela especialização, cresceu também a modalidade de Ensino à Distância (EaD). Até 2018, o número de alunos em EaD aumentou 125%, com um a cada três alunos estudando nessa modalidade.
— O EaD se encaixa melhor ainda na pós. O público da graduação que faz o EaD é mais velho, acima de 30 anos ou mais, que, por sua vez, também é justamente a idade de quem faz pós-graduação — diz Capelato.
Exigência cada vez maior
Doutora em Educação pela PUC-Rio, Andrea Ramal defende que toda formação ajuda no mercado de trabalho. No entanto, ela ressalta que o MBA já teve mais peso no currículo.
— Como muita gente já tem (MBA no currículo) , os profissionais agora estão buscando níveis cada vez mais acima para competir — afirma ela, para quem uma das vantagens da especialização é o aprofundamento de temas proporcionado nesses cursos: — Nesse tipo de pós-graduação tem que escolher um tema de pesquisa, apresentar trabalhos mais aprofundados, e isso pode coincidir com os interesses de certas empresas — explica.
A pesquisa do Semesp traça ainda um perfil dos alunos que frequentam cursos de especialização. As mulheres são maioria (62,6%), e 88% estudam em instituições privadas. O estado de São Paulo reúne 24% dos alunos, seguido por Minas Gerais (11%). Rio de Janeiro, Bahia e Paraná empatam, com 7% cada um. A região Sudeste concentra 44% do total de estudantes lato sensu.
Doutora em Educação pela PUC-Rio, Andrea Ramal defende que toda formação ajuda no mercado de trabalho. No entanto, ela ressalta que o MBA já teve mais peso no currículo.
— Como muita gente já tem (MBA no currículo) , os profissionais agora estão buscando níveis cada vez mais acima para competir — afirma ela, para quem uma das vantagens da especialização é o aprofundamento de temas proporcionado nesses cursos: — Nesse tipo de pós-graduação tem que escolher um tema de pesquisa, apresentar trabalhos mais aprofundados, e isso pode coincidir com os interesses de certas empresas — explica.
A pesquisa do Semesp traça ainda um perfil dos alunos que frequentam cursos de especialização. As mulheres são maioria (62,6%), e 88% estudam em instituições privadas. O estado de São Paulo reúne 24% dos alunos, seguido por Minas Gerais (11%). Rio de Janeiro, Bahia e Paraná empatam, com 7% cada um. A região Sudeste concentra 44% do total de estudantes lato sensu.