O Ministério Público do Rio realizou nesta quarta-feira, 18, operação de busca e apreensão em endereços ligados ao senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), filho de Jair Bolsonaro, e de seus ex-assessores, entre eles Fabrício Queiroz e parentes da ex-mulher do presidente, Ana Cristina Siqueira Valle, mãe de um dos filhos de Bolsonaro, Jair Renan. Ao todo, foram cumpridos 24 mandados.
A informação foi divulgada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Estado. As buscas aconteceram em endereços da capital e em Resende, no sul do Estado. A operação se deu no âmbito da investigação que apura suposto esquema de lavagem de dinheiro e peculato no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) quando ele era deputado estadual.
A informação foi divulgada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Estado. As buscas aconteceram em endereços da capital e em Resende, no sul do Estado. A operação se deu no âmbito da investigação que apura suposto esquema de lavagem de dinheiro e peculato no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) quando ele era deputado estadual.
Segundo o MP, Queiroz recebeu R$ 2 milhões em depósitos de 13 assessores indicados por Flávio Bolsonaro. Os valores foram transferidos por treze servidores do gabinete do parlamentar e constam no relatório da Promotoria sobre a operação de buscas e apreensões conduzidas nesta quarta-feira, 18.
Segundo o Estadão, entre os endereços que foram alvos de mandado de busca e apreensão, está uma loja de chocolates que tem como um dos sócios Flávio Bolsonaro. O negócio, uma franquia da rede Kopenhagen, fica no shopping Via Parque, na Barra da Tijuca, na zona oeste da capital fluminense. Os agentes chegaram cedo, quando a loja e o shopping ainda estavam fechados, e arrombaram a porta para entrar.
O Estado confirmou que, quando os funcionários chegaram para trabalhar, foram surpreendidos com os investigadores já dentro da loja. Uma fechadura precisou ser trocada. O gerente do estabelecimento disse apenas que não poderia conversar com a reportagem.
Os investigadores foram atrás de relatórios contábeis da loja. A intenção é cruzar dados da receita do estabelecimento para confirmar se o montante arrecadado coincide com o volume de vendas. O mesmo motivo levou o MP ao escritório que faz a contabilidade da franquia
Nove parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Bolsonaro, estavam entre os alvos da operação. Seus nomes integram a lista de 85 pessoas físicas e nove pessoas jurídicas que tiveram os sigilos bancário e fiscal quebrados em abril por decisão do do juiz Flávio Itabaiana Nicolau, da 27ª Vara Criminal do Rio. O mesmo magistrado assina a decisão que permitiu a operação de busca e apreensão realizada nesta quarta, 18. Esses alvos também tiveram o sigilo telefônico quebrado.
Entre os alvos da ação, estavam o pai, a irmã, primos e tios da ex-mulher do presidente, além da própria Ana Cristina. Todos ocuparam cargos no antigo gabinete de Flávio no período abarcado pela investigação. Parte deles também chegou a ser nomeada para outros escritórios da família.
Bolsonaro e Ana Cristina viveram em união estável por dez anos, entre 1998 e 2008. Foi nesse período que a família dela ganhou cargos de confiança (sem concurso) nos gabinetes de parlamentares da família. A maioria dos nomeados vivia em Resende, no sul fluminense. Ela era lotada em escritórios no Rio ou em Brasília. Alguns nem sequer pediram crachá funcional enquanto estavam empregados. Esses episódios embasaram a investigação do Ministério Público que culminou na operação do MP.
Também foram alvo na operação: José Procópio Valle, ex-sogro de Bolsonaro; Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada de Bolsonaro; Francisco Diniz e Juliana Vargas, primos de Ana Cristina; Daniela Gomes, Guilherme dos Santos Hudson, Ana Maria Siqueira Hudson, Maria José de Siqueira e Silva e Marina Siqueira Diniz, tios de Ana Cristina, são alvo da operação em Resende. A mulher de Queiroz, Marcia Aguiar, e a enteada, Evelyn Mayara.
Todos estiveram lotados no gabinete de Flávio em diferentes momentos de seu mandato na Alerj, entre 2003 e 2018, e estão entre os que tiveram o sigilo bancário e fiscal quebrado pelo MP do Rio em maio deste ano.
Flávio virou alvo de suspeita após Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontar que Queiroz recebia depósitos regulares de colegas de gabinete, como revelou o Estado em dezembro de 2018. Essas movimentações ocorriam perto do pagamento de salários.
O inquérito estava suspenso desde julho, quando o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, mandou paralisar as investigações criminais em curso no País que utilizavm dados do Coaf sem autorização judicial prévia. Após o Supremo autorizar o amplo compartilhamento de informações de órgãos de controle com o MP, no início de dezembro, a investigação contra Flávio e Queiroz foi retomada pelo MP-RJ.
Para os promotores, há indícios de um esquema de “rachadinha” – “devolução” de parte ou da totalidade dos salários de funcionários do gabinete ao deputado. O MP também apontou suposta ação de organização criminosa no gabinete de Flávio na Alerj e sinais de que o hoje senador lavou o dinheiro na compra e venda de imóveis. O parlamentar acusou a promotoria de tentar atingir o governo do seu pai. O Coaf, porém, também apontou suspeitas de outros assessores, deputados e ex-deputados, no documento gerado na Operação Furna da Onça, sobre corrupção na Assembleia do Rio.
Queiroz já faltou a quatro convites da promotoria para depor, alegando problemas de saúde. O ex-policial trata de um câncer, do qual se operou no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Seu desaparecimento por meses rendeu à oposição um mote – “Cadê o Queiroz?” –, desfeito depois que o PM aposentado foi localizado pela revista Veja, na capital paulista.
Em nota no fim da manhã, o Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC) do Ministério Público do Rio informou que foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão. O MP disse que, “em razão do sigilo das investigações, não pode oferecer mais informações”.
Ao Estado, o advogado de Flávio, Frederick Wassef, afirmou que uma loja de chocolates do senador foi alvo da operação. “Invadiram a empresa do meu cliente, mas certamente não vão encontrar nada, simplesmente porque não existe nada que o comprometa. Vão pegar documentos, informações do dia a dia de uma empresa de chocolates, nada mais”, declarou.
Wassef, que defende Flávio, ainda afirmou não temer os resultados da nova incursão do Ministério Público contra seu cliente. Ele afirmou ainda não ter tido acesso à decisão judicial que autorizou as buscas nos endereços e que pretende tomar medidas contra o vazamento da operação.
“O Flávio está surpreso (com a operação desta quarta, 18), mas zero de preocupação. Como eu também. Nada de ilegal vão encontrar, como não encontraram na quebra do sigilo bancário e fiscal”, disse Frederick Wassef. O advogado afirmou ainda que os investigadores "não vão lograr êxito, nada de errado vão encontrar porque jamais existiu esquema de rachadinha no gabinete do meu cliente”.
Em nota, Wassef afirmou que a operação da PF pode ter “extrapolado os limites”. “O que sabemos até o momento, pela imprensa, é que a operação pode ter extrapolado os limites da cautelar, alcançando pessoas e objetos que não estão ligados ao caso.”
A defesa de Fabrício Queiroz se disse surpresa com a medida de busca e apreensão. Em nota, o advogado Paulo Klein, que representa Queiroz, afirmou, no entanto, que está tranquilo.
“A defesa de Fabrício Queiroz recebe a informação a respeito da recente medida de busca apreensão com tranquilidade e ao mesmo tempo surpresa, pois absolutamente desnecessária, uma vez que ele sempre colaborou com as investigações, já tendo, inclusive, apresentado todos os esclarecimentos à respeito dos fatos”, disse Klein. “Ademais, surpreende que mesmo o MP reconhecendo que o juízo de primeira instância seria incompetente para processar e julgar qualquer pedido relacionado ao ex-deputado o tenha feito e obtido a referida decisão, repita-se, de forma absolutamente desnecessária.”
Segundo o Estadão, entre os endereços que foram alvos de mandado de busca e apreensão, está uma loja de chocolates que tem como um dos sócios Flávio Bolsonaro. O negócio, uma franquia da rede Kopenhagen, fica no shopping Via Parque, na Barra da Tijuca, na zona oeste da capital fluminense. Os agentes chegaram cedo, quando a loja e o shopping ainda estavam fechados, e arrombaram a porta para entrar.
O Estado confirmou que, quando os funcionários chegaram para trabalhar, foram surpreendidos com os investigadores já dentro da loja. Uma fechadura precisou ser trocada. O gerente do estabelecimento disse apenas que não poderia conversar com a reportagem.
Os investigadores foram atrás de relatórios contábeis da loja. A intenção é cruzar dados da receita do estabelecimento para confirmar se o montante arrecadado coincide com o volume de vendas. O mesmo motivo levou o MP ao escritório que faz a contabilidade da franquia
Nove parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Bolsonaro, estavam entre os alvos da operação. Seus nomes integram a lista de 85 pessoas físicas e nove pessoas jurídicas que tiveram os sigilos bancário e fiscal quebrados em abril por decisão do do juiz Flávio Itabaiana Nicolau, da 27ª Vara Criminal do Rio. O mesmo magistrado assina a decisão que permitiu a operação de busca e apreensão realizada nesta quarta, 18. Esses alvos também tiveram o sigilo telefônico quebrado.
Entre os alvos da ação, estavam o pai, a irmã, primos e tios da ex-mulher do presidente, além da própria Ana Cristina. Todos ocuparam cargos no antigo gabinete de Flávio no período abarcado pela investigação. Parte deles também chegou a ser nomeada para outros escritórios da família.
Bolsonaro e Ana Cristina viveram em união estável por dez anos, entre 1998 e 2008. Foi nesse período que a família dela ganhou cargos de confiança (sem concurso) nos gabinetes de parlamentares da família. A maioria dos nomeados vivia em Resende, no sul fluminense. Ela era lotada em escritórios no Rio ou em Brasília. Alguns nem sequer pediram crachá funcional enquanto estavam empregados. Esses episódios embasaram a investigação do Ministério Público que culminou na operação do MP.
Também foram alvo na operação: José Procópio Valle, ex-sogro de Bolsonaro; Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada de Bolsonaro; Francisco Diniz e Juliana Vargas, primos de Ana Cristina; Daniela Gomes, Guilherme dos Santos Hudson, Ana Maria Siqueira Hudson, Maria José de Siqueira e Silva e Marina Siqueira Diniz, tios de Ana Cristina, são alvo da operação em Resende. A mulher de Queiroz, Marcia Aguiar, e a enteada, Evelyn Mayara.
Todos estiveram lotados no gabinete de Flávio em diferentes momentos de seu mandato na Alerj, entre 2003 e 2018, e estão entre os que tiveram o sigilo bancário e fiscal quebrado pelo MP do Rio em maio deste ano.
Flávio virou alvo de suspeita após Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontar que Queiroz recebia depósitos regulares de colegas de gabinete, como revelou o Estado em dezembro de 2018. Essas movimentações ocorriam perto do pagamento de salários.
O inquérito estava suspenso desde julho, quando o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, mandou paralisar as investigações criminais em curso no País que utilizavm dados do Coaf sem autorização judicial prévia. Após o Supremo autorizar o amplo compartilhamento de informações de órgãos de controle com o MP, no início de dezembro, a investigação contra Flávio e Queiroz foi retomada pelo MP-RJ.
Para os promotores, há indícios de um esquema de “rachadinha” – “devolução” de parte ou da totalidade dos salários de funcionários do gabinete ao deputado. O MP também apontou suposta ação de organização criminosa no gabinete de Flávio na Alerj e sinais de que o hoje senador lavou o dinheiro na compra e venda de imóveis. O parlamentar acusou a promotoria de tentar atingir o governo do seu pai. O Coaf, porém, também apontou suspeitas de outros assessores, deputados e ex-deputados, no documento gerado na Operação Furna da Onça, sobre corrupção na Assembleia do Rio.
Queiroz já faltou a quatro convites da promotoria para depor, alegando problemas de saúde. O ex-policial trata de um câncer, do qual se operou no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Seu desaparecimento por meses rendeu à oposição um mote – “Cadê o Queiroz?” –, desfeito depois que o PM aposentado foi localizado pela revista Veja, na capital paulista.
Em nota no fim da manhã, o Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC) do Ministério Público do Rio informou que foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão. O MP disse que, “em razão do sigilo das investigações, não pode oferecer mais informações”.
Ao Estado, o advogado de Flávio, Frederick Wassef, afirmou que uma loja de chocolates do senador foi alvo da operação. “Invadiram a empresa do meu cliente, mas certamente não vão encontrar nada, simplesmente porque não existe nada que o comprometa. Vão pegar documentos, informações do dia a dia de uma empresa de chocolates, nada mais”, declarou.
Wassef, que defende Flávio, ainda afirmou não temer os resultados da nova incursão do Ministério Público contra seu cliente. Ele afirmou ainda não ter tido acesso à decisão judicial que autorizou as buscas nos endereços e que pretende tomar medidas contra o vazamento da operação.
“O Flávio está surpreso (com a operação desta quarta, 18), mas zero de preocupação. Como eu também. Nada de ilegal vão encontrar, como não encontraram na quebra do sigilo bancário e fiscal”, disse Frederick Wassef. O advogado afirmou ainda que os investigadores "não vão lograr êxito, nada de errado vão encontrar porque jamais existiu esquema de rachadinha no gabinete do meu cliente”.
Em nota, Wassef afirmou que a operação da PF pode ter “extrapolado os limites”. “O que sabemos até o momento, pela imprensa, é que a operação pode ter extrapolado os limites da cautelar, alcançando pessoas e objetos que não estão ligados ao caso.”
A defesa de Fabrício Queiroz se disse surpresa com a medida de busca e apreensão. Em nota, o advogado Paulo Klein, que representa Queiroz, afirmou, no entanto, que está tranquilo.
“A defesa de Fabrício Queiroz recebe a informação a respeito da recente medida de busca apreensão com tranquilidade e ao mesmo tempo surpresa, pois absolutamente desnecessária, uma vez que ele sempre colaborou com as investigações, já tendo, inclusive, apresentado todos os esclarecimentos à respeito dos fatos”, disse Klein. “Ademais, surpreende que mesmo o MP reconhecendo que o juízo de primeira instância seria incompetente para processar e julgar qualquer pedido relacionado ao ex-deputado o tenha feito e obtido a referida decisão, repita-se, de forma absolutamente desnecessária.”