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Joesley Batista, Presidente da JBS Foto: Ayrton Vignola/AE |
Rumores de que JBS teria comprado dólar circulam no mercado;
empresa teria contatado os bancos para pedir limite para comprar dólar nas
últimas semanas e a percepção é de que movimentou bilhões recentemente
Entre os rumores que circulam nas mesas de operação de
câmbio está o de que a JBS teria comprado entre US$ 750 milhões e US$ 1
bilhão no mercado futuro ontem, após o fechamento do mercado à vista, conforme
apurou o Broadcast, notícias em tempo real do Grupo Estado. A empresa,
pivô da crise que envolve o governo de Michel Temer, é um grande player desse
mercado. Operações desta magnitude são normais, mas chamou a atenção o fato de
um volume grande se concentrar num horário de pouca liquidez. Além disso, os
comentários apontam que essa não foi a única operação volumosa da empresa nos
últimos dias.
A JBS teria contatado os bancos para pedir limite para
comprar dólar nas últimas semanas e a percepção é de que movimentou
bilhões recentemente. "A empresa fez hedge de todo o seu patrimônio
líquido", informa uma das fontes na condição de anonimato. "A empresa
refez todo o seu hedge", afirma outra fonte. Contatada pela reportagem do Broadcast, a
JBS informou que não vai comentar.
"Em geral, uma operação grande no fim do dia só
acontece quando um player tem algo excepcional e sempre atiça a curiosidade do
mercado", diz um operador experiente, que passou por todas as crises
internacionais das décadas de 90 e pelo colapso financeiro da década passada,
trabalhando em instituições importantes.
De acordo com outros profissionais de corretoras, "o
frigorífico raspou os dólares que havia no mercado ontem" e tem sido
fortemente atuante nos últimos pregões. A percepção dos profissionais do
mercado é de que o volume foi forte durante todo o dia de ontem,
intensificando-se ainda mais no fim da sessão estendida de câmbio, o que ajuda
a ampliar os comentários. O pregão estendido do futuro encerra as operações às
18 horas.
Na manhã de hoje, o mercado de câmbio está nervoso, e opera
de olho principalmente nos leilões do BC. O dólar à vista já bateu máxima de R$
3,4073 (8,72%) e o dólar futuro para junho, chegou a R$ 3,4175 (+8,61%). Nessa
quarta-feira, quando teria havido a maior operação da JBS, segundo comenta o
mercado, a cotação do dólar futuro para junho ampliou a alta de 1,19%, aos R$
3,1445 registrados às 17h15 para +1,26%, aos R$ 3,1465 no fechamento da sessão
estendida.
O giro financeiro de ontem, no entanto, é o que mais
desperta os comentários. O volume pulou de R$ 20,799 bilhões entre cerca de 17
horas para US$ 21,601 bilhões no fechamento. Valores bem acima dos últimos
pregões. Nos últimos dias, as quantias têm ficado entre US$ 14 bilhões e US$ 16
bilhões. Na terça-feira, o volume do mercado futuro foi de US$ 14,461 bilhões e
na segunda-feira US$ 14,920 bilhões. No dia 11, US$ 15,540 bilhões.
Mesas nervosas. De acordo com a avaliação dos especialistas,
o nervosismo das mesas de operações de moeda estrangeira nesta quinta-feira só
é comparável aos dias que se seguiram ao estouro da crise do subprime, em 2008.
Tempos que o mercado considerava já superados. Nem durante o processo de
impeachment da presidente Dilma Rousseff a tensão alcançou os níveis de hoje. A
derrocada da presidente estava no horizonte dos investidores e foi colocada aos
poucos nos preços. Ao contrário, a crise que atinge o governo Temer desde a
noite de ontem não estava no horizonte dos negócios.