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Transferências de presos da Lava Jato custam quase R$ 500 mil à Polícia Federal em um ano

quarta-feira, 5 de julho de 2017

/ por News Paraíba


Operações como a transferência do ex-ministro Geddel, de Salvador para Brasília, mobilizaram cinco aeronaves em quase 100 horas de voo apenas no ano passado; gastos com vai e vem de presos triplicaram entre 2015 e 2016

Preso na tarde da segunda-feira (3) em Salvador, o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima  passou poucas horas detido na capital baiana. Ele desembarcou já na madrugada de terça-feira (4) no aeroporto de Brasília (DF), de onde foi levado para a carceragem da Superintendência da Polícia Federal.

Operações como a trasferência do ex-articulador político do governo Michel Temer têm acarretado custos cada vez maiores para a Polícia Federal , conforme revelam dados obtidos pela reportagem do iG via Lei de Acesso à Informação.

Segundo os dados compilados pela força-tarefa da PF na Lava Jato , foram utilizadas no ano passado cinco aeronaves da corporação para fazer o transporte aéreo de presos da operação. Somadas, as viagens totalizaram cerca de 94,7 horas de voo, o que gerou custo superior a R$ 391 mil – valor este pago com recursos públicos.

A hora de voo de aeronaves maiores, como o Embraer ERJ-145, utilizado para levar o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB)  de Brasília para Curitiba em outubro do ano passado, custa até R$ 7.904,40, de acordo com a PF. A corporação também usa modelos menores para o deslocamento de presos da operação, como o bimotor Beechcraft King Air, usado em fevereiro deste ano para buscar o casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura em Guarulhos.

As despesas com passagens aéreas para a condução dos presos alcançaram R$ 38.585,64 em 2016, valor que deve ser somado ainda aos R$ 7.800 pagos pelas diárias dos condutores. A cifra total desses custos (R$ 46.385,64) representa quase o triplo do que foi gasto pela PF em 2015, quando foram empregados pouco mais de R$ 16 mil. Em 2014, primeiro ano da Operação Lava Jato , essa despesa foi de aproximadamente R$ 20 mil.

A Polícia Federal identificou ao menos 42 viagens relacionadas ao deslocamento de presos da Lava Jato nos três primeiros anos da operação. A corporação destacou que é possível haver "pequena oscilação de valores", mas garantiu que o impacto dessa variação "a grosso modo, é insignificante".

"Ressalta-se que algumas limitações organizacionais impuseram dificuldades na obtenção das informações suscitadas, exigindo um trabalho excepcional, haja vista a necessidade de consolidação de dados de diversas fontes, setores e sistemas distintos", explicou a Superintendência da Polícia Federal no Paraná, berço da Lava Jato.De acordo com a diretora da Associação de Delegados de Polícia Federal ( ADPF ) em São Paulo, Tânia Prado, os altos custos com o vai e vem de presos da Lava Jato exigem 'malabarismo orçamentário', uma vez que os investimentos do Ministério da Justiça na corporação estão estagnados. "O pessoal é eficiente e vai se adaptando às necessidades, então, embora a demanda aumente, a produção ainda não foi afetada pela diminuição de investimentos."

Tânia avalia que, mesmo nas escoltas terrestres, a recorrente necessidade de mobilizar agentes federais para acompanhar presos prejudica o trabalho de investigações da Polícia Federal, situação que passa diretamente pelo Poder Judiciário.

"Em São Paulo, por exemplo, os juízes determinam que a PF deve escoltar todos os presos que terão audiências na Justiça Federal. Temos mais de 20 agentes que só fazem esse trabalho, é terrível. Já foi conversado com o Judiciário para que peça o apoio do Departamento Penitenciário. A gente precisava desses agentes ajudando os delegados nas investigações", diz a diretora da ADPF.

Se em São Paulo os apelos dos delegados não são ouvidos pela Justiça, um magistrado de Brasília sinalizou no mês passado estar atento à necessidade de conter gastos com a transferência de presos e evitar a mobilização desnecessária de agentes federais.

Na ocasião, o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) decidiu suspender a transferência do ex-ministro Henrique Eduardo Alves , preso em Natal, alegando que isso seria "desnecessário e oneroso".

News Paraíba
com iG
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