O presidente Michel Temer negocia ministérios com partidos aliados, enquanto crianças passam fome em uma escola a 11 km do Palácio do Planalto e do Congresso.
Uma delas, um menino de oito anos, desmaiou na sala de aula. Ele faz parte de um grupo de 250 alunos que viaja 30 km de ônibus até o colégio porque não há ensino público na região pobre onde eles vivem, revela Leandro Colon, em sua coluna na Folha.
Uma delas, um menino de oito anos, desmaiou na sala de aula. Ele faz parte de um grupo de 250 alunos que viaja 30 km de ônibus até o colégio porque não há ensino público na região pobre onde eles vivem, revela Leandro Colon, em sua coluna na Folha.
Moram em conjunto habitacional do Minha Casa, Minha Vida a 20 km da Praça dos Três Poderes.
A professora que socorreu o aluno afirmou à imprensa que o menino "apagou". Seus três irmãos, matriculados no mesmo local, contaram que não haviam se alimentado no domingo (12), dia anterior ao desmaio. Na segunda-feira (13), antes de sair de casa para a escola, comeram apenas um mingau de fubá.
O serviço de emergência do Samu foi acionado. A professora disse ter chorado ao saber que o diagnóstico do problema de saúde do menino era falta de comida. Relatou que a questão da fome é rotineira entre as crianças da escola de Brasília.
A família do aluno que desmaiou recebe R$ 596 do Bolsa-Família e R$ 400 de um programa do DF. Não há almoço na escola. Serve-se apenas um lanche (suco e biscoito) à tarde.
O episódio do desmaio certamente deve se repetir em outros Estados, mas desperta uma atenção maior por estar perto do coração do poder, a poucos quilômetros do Planalto.
Se o governo federal ignora o drama, o do DF lavou as mãos. A reação do governo de Rodrigo Rollemberg ao caso da criança faminta foi um desastre. Rollemberg é do PSB, partido que deixou a base de Temer.
A Secretaria de Educação, que não disponibiliza educação na região de moradia dos alunos, contestou até se houve desmaio. Em nota, declarou que a criança estava "molinha" ao ser atendida. O governador, por sua vez, afirmou que é uma questão "pontual", da família, e não do colégio. Falta agora declarar como culpado o mingau de fubá.